Minas Gerais
08h03 21 Maio 2019
Atualizada em 21/05/2019 às 08h58

Estrago pode ser maior que o previsto pela Vale, alertam pesquisadores

Por BHAZ

O estrago que o rompimento da barragem da Mina de Gongo Soco causará na região de Barão de Cocais (MG) poderá ser ainda maior do que o previsto no relatório dam break, apresentado pela Vale, empresa responsável pela mina.

O alerta é do Grupo Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade (PoEMAS), núcleo composto por pesquisadores e alunos com formações diversas, que se utiliza de conhecimentos econômicos, geográficos, sociológicos e de políticas públicas para analisar e avaliar os impactos que as redes de produção associadas à indústria extrativa mineral geram para a sociedade e para o meio ambiente.

Segundo o engenheiro e integrante do grupo Bruno Milanez, as projeções apresentadas no relatório da Vale subestimaram a capacidade destrutiva da onda, por não levar em consideração o aumento de sua densidade por conta dos objetos de médio e grande porte que seriam arrastados ao longo do percurso.

“O modelo que usaram foi baseado em onda de água, considerando a altura do rejeito e a velocidade. No entanto, o rejeito terá uma densidade maior, porque ao longo do trajeto a onda carregará também os objetos que estiverem pelo caminho”, disse à Agência Brasil o professor do Departamento de Engenharia da Produção da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Bruno Milanez.

O engenheiro alerta que “se essa onda trouxer consigo objetos como troncos ou até mesmo caminhões, ela terá uma densidade ainda maior de rejeitos. Dessa forma, o potencial de destruição nas áreas amarela e verde [áreas que segundo o estudo não seriam atingidas ou seriam parcialmente destruídas] seria ainda maior”.

Vale

Agência Brasil entrou em contato com a Vale, para saber a posição da empresa sobre a crítica apresentada pelo integrante do PoEmas. A vale, no entanto, manifestou apenas seu posicionamento com relação ao prazo de 72 horas, dado pela juíza Fernanda Machado, da Vara de Barão de Cocais (MG), para que apresentasse o estudo dos impactos relacionados ao eventual rompimento das estruturas da Mina de Congo Soco.

“A Vale, no prazo fixado pela determinação judicial, apresentou o relatório mais atualizado de dam break da Barragem Sul Superior, explicando naquela oportunidade a adequação dos critérios técnicos”, diz a nota enviada pela Vale à Agência Brasil.

Movimento

Segundo a coordenadora nacional do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Maria Júlia Andrade, a forma como as informações estão sendo repassadas pela Vale é inadequada, o que tem gerado “pânico e terror” na população local. Maria Júlia diz que há uma preocupação muito grande, nos últimos dias, após ter vindo à tona a informação de que existe um talude da cava da mina prestes a desmoronar.

“Esse problema já existia, mas ele só veio à tona agora. E o maior problema é que esta cava está localizada muito perto, cerca de 300 metros, da barragem que já estava em risco máximo há mais de três meses”, disse a coordenadora.

Na avaliação do MAM, “as informações [sobre os riscos] são dadas a conta-gotas, e o pânico e o terror estão generalizados [na região]. As pessoas não sabem se o risco é real, não sabem se a barragem vai romper ou não. Só sabem que existe um pânico e um medo de uma bomba relógio em cima de suas cabeças”, disse.

Transporte paralisado

Como medida preventiva, a Vale paralisou no domingo (19) o transporte de carga no ramal de Belo Horizonte, entre Sabará e Barão de Cocais, que é atendido pela Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). A empresa está avaliando alternativas para minimizar os impactos decorrentes dessa paralisação.

As informações estão no site oficial da empresa.

O trem circula nas imediações da cava da mina Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), onde foram identificadas recentemente movimentações no talude Norte da estrutura. A medida segue em alinhamento com a Agência Nacional de Mineração (ANM), busca preservar a segurança das pessoas e ficará em vigor até que a Vale realize análises de risco mais aprofundadas. A cava e a barragem são monitoradas 24h por dia.

Para o trem de passageiros, o procedimento já havia sido alterado na quinta-feira (16), também por tempo indeterminado. Os passageiros que embarcam na estação Belo Horizonte já estão sendo conduzidos até a Estação Dois Irmãos, em Barão de Cocais, por meio de ônibus locados pela empresa. Da Estação de Dois Irmãos, os passageiros seguem viagem por trem. No sentido contrário (Vitória- Belo Horizonte) os passageiros estão desembarcando do trem na Estação Dois Irmãos e seguindo por meio rodoviário até o destino final.

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