Depois de aproximadamente 13 horas de depoimento, o médico suspeito de negar atendimento a um idoso, de 72 anos, foi preso pela Polícia Civil, na noite dessa quarta-feira (23), em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Ele vai responder pelo crime de homicídio por omissão.
A morte foi registrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Ressaca na terça (22), após o idoso chegar à unidade com insuficiência respiratória gravíssima. O médico, de 51 anos, alegou que a unidade estava lotada e que não havia maca, nem balão de oxigênio.
Socorristas do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) disseram à PM (Polícia Militar) que o profissional de plantão negou atendimento, mesmo o paciente estando em estado crítico. Os enfermeiros confirmaram que ele nem se levantou para atender o idoso. A nora do idoso, que o acompanhou desde a saída de casa, também relata a mesma versão.
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De acordo com a Polícia Civil, foram ouvidos dois técnicos de enfermagem, um policial militar, além do médico. Os procedimentos da corporação duraram o dia todo e o médico esteve acompanhado de cinco advogados.
Ele foi preso em flagrante e levado para a penitenciária Nelson Hungria, em Contagem,onde ficará em uma cela especial, pois tem curso superior.
Secretaria de Saúde de Contagem
A Secretaria Municipal de Saúde de Contagem informou que abriu uma sindicância para investigar o caso. Segundo o secretário Cléber de Faria Silva, a UPA operava dentro da capacidade no momento em que o idoso chegou.
Sobre a falta de balão de oxigênio alegada pelo médico, o secretário esclareceu: “Essa UPA teve uma reforma recentemente e está em condições [de atender os pacientes]. No momento vamos ouvir todas as partes para tomar as medidas cabíveis necessárias. Se trata de um fato isolado e qualquer conclusão, neste momento, seria precipitado. Temos balão de oxigênio e tudo funciona por completo”, disse.
Apesar do médico ter alegado lotação na unidade de saúde no momento em que o idoso chegou o secretário ressaltou que o atendimento não poderia ser negado, pois o caso dele era de urgência. “A urgência é porta aberta e o paciente quando chega tem que ser atendido. Não abrimos mão disso, pois é premissa”.
O secretário ainda informou que o médico tem mais de 20 anos de serviço público na rede de Contagem e que nunca havia recebido reclamações. “É um caso isolado e vamos tratar com a seriedade necessária”.