Minas Gerais
16h06 22 Outubro 2019
Atualizada em 22/10/2019 às 16h08

Mesmo com Minas em crise, deputados gastam mais de R$ 11 milhões com verba indenizatória em 2019

Por Rádio Itatiaia

Apesar da crise financeira que assola o estado e provoca atrasos de salários dos servidores, os deputados da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) gastaram, entre fevereiro e setembro deste ano, mais de R$ 11,3 milhões com a verba indenizatória, conforme cruzamento de dados feito pelo site da Itatiaia. Veja a descrição completa na arte ao fim do texto.

Prevista na deliberação 2.446 de 2009, a verba indenizatória garante ao deputado até R$ 27 mil por mês para gastos com aluguel de imóveis, combustível, alimentação, divulgação de atividades e ações do mandato, locação de veículos, contratação de serviços de monitoramento de redes sociais e manutenção de veículos. O montante que não for gasto em um mês pode ser usado posteriormente.

Além de até R$ 27 mil da verba, os parlamentares recebem R$ 25 mil por mês de salário e outros benefícios, como auxílio-moradia de R$ 4.377,73. 

A descrição dos gastos da verba indenizatória é publicada mensalmente por cada deputado no portal da ALMG. Para chegar ao montante de R$ 11,3 milhões, o site da Itatiaia conferiu, mês a mês, a publicação de cada um, despesa por despesa. O único que não tem gasto listado é o presidente da Casa, Agostinho Patrus (PV). A assessoria da ALMG informou que ele não usa verba indenizatória.

Gasto pode ser maior

O gasto com a verba indenizatória deve passar de R$ 11,3 milhões, já que 43 parlamentares publicaram os valores de setembro no momento da pesquisa.

Entre os 76 parlamentares que usaram a verba, 14 gastaram mais de R$ 200 mil no período. Os três primeiros do ranking são Leandro Genaro (PSD) - R$ 251.445,66 -, Marquinho Lemos (PT) – R$ 236.226,96 – e Professor Wendel Mesquita (Solidariedade) – R$ 225.276,18. 

Em resposta à Itatiaia, o deputado professor Wendel informou, por telefone, que está entre os primeiros porque já usou o recurso da verba destinado à parte gráfica. “Os demais deputados acumulam e usam no final do ano para mandar mensagens de Natal. Pode ter certeza que no fim do ano não estarei entre os mais gastadores”, disse, ressaltando que abriu mão do auxílio-moradia e assinou a PEC do fim dos penduricalhos.

Já o deputado Marquinho Lemos (PT) destacou, em nota, que seu mandato está em conformidade com a Deliberação 446/2009 da Assembleia Legislativa e atende a todos os critérios estabelecidos pela controladoria da casa.“Esclarecemos que o deputado Marquinho Lemos possui base eleitoral em diferentes e distantes regiões do estado, tais como Norte, Sul, Zona da Mata, Leste, Vale do Aço, Jequitinhonha, Mucuri e Suaçuí; e que tem como princípio a presença nesses locais para ouvir de perto as demandas da população, bem como realizar atividades de formação e organização da sociedade. Só nos primeiros seis meses de mandato, foram visitadas cerca de 90 cidades”, diz a nota.

“Quanto às publicações, destacamos que o parlamentar cumpre sua obrigação de prestar contas do trabalho realizado. São utilizadas várias ferramentas, como redes sociais, site e materiais impressos – importante instrumento no interior do Estado. Todos os materiais estão disponíveis em seu gabinete”, conclui o texto.

A reportagem também entrou em contato com o gabinete do deputado Leandro Genaro (PSD), mas não teve retorno até o fechamento desta matéria. 

Menos gastaram 

Já os que menos recorreram ao recurso foram Bruno Engler (PSL), que gastou R$ 6.062,92; Guilherme da Cunha (Novo), que usou R$ 7.388,11; e Laura Serrano (Novo), que gastou R$ 37.564,62. Bruno e Guilherme ainda não divulgaram os gastos em setembro.

 

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