Catadores de recicláveis estão parados há cerca de dois meses em Araxá, no Alto Paranaíba. O motivo é a falta de transporte para fazer a coleta na cidade. As três cooperativas do município, que já chegaram a ter nove caminhões disponíveis para trabalhar, atualmente estão com atividades suspensas. A presidente da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Araxá (Reciclara), Regina Aparecida Martins, explica que sem manutenção, os veículos estragaram, e não há previsão para a reforma.
O G1 entrou em contato com a Prefeitura para saber sobre a situação dos catadores e, por meio de nota, foi informado que não há prazos definidos. A administração municipal disse apenas que a secretaria de Serviços Urbanos está trabalhando e fazendo estudos relacionados à coleta seletiva de lixo na cidade, e sobre a situação dos catadores, para viabilizar a melhor solução possível para o problema.
"Já tivemos nove caminhões que foram estragando sem manutenção adequada. Fizemos campanhas de conscientização na cidade toda. O nosso modelo de trabalho já recebeu prêmios e serviu de exemplo para outras cidades, e hoje estamos nessa situação. Com esse descaso estamos fazemos a coleta de forma errada, no bota-fora da Prefeitura, onde o lixo fica todo misturado. Antes de chegar a esse ponto, precisamos vender as latinhas para colocar diesel nos caminhões da Prefeitura”, desabafou.
Regina ressalta que a cooperativa já chegou a ter uma coleta mensal de 40 toneladas de lixo reciclável, entre papelão, plástico, vidro e alumínio, e renda de mais de R$ 1 mil mensais por catador. “Tínhamos 16 pessoas na cooperativa, hoje temos oito, que são as pessoas que realmente precisam desse trabalho. Nós pegamos o material no bota-fora da Prefeitura, que é o lixão, o restante acaba indo para o aterro, e não conseguimos recolher nem 7 mil quilos por mês”, contou.
A situação das outras cooperativa é a mesma. Todos os catadores trabalham no bota-fora. É o caso de Maurício Ferreira da Silva, que está na profissão há mais de 20 anos. “Esse é o nosso trabalho. Não temos mais um renda fixa, e temos família para criar. O descaso é muito, é um problema simples que se resolvido faria bem não só para nós que dependemos disso, mas para a cidade toda”, disse.
Para a presidente da Reciclara a solução seria a doação de um veículo ou a reforma dos caminhões parados. “Trabalhamos dia e noite, não temos preguiça e gostamos do que fazemos. Já procuramos a Prefeitura, pedimos ajuda a empresas privadas também, mas até agora nada. Com um caminhão pequeno, ou carretinha, já poderíamos retomar o trabalho”, concluiu.
Fonte: G1