O dólar inverteu a tendência de ontem e voltou a se valorizar frente às principais moedas globais nesta quarta-feira, após o presidente Donald Trump afirmar, na véspera, que as tarifas sobre a China deverão "cair substancialmente" e que ele não tem "nenhuma intenção" de demitir o chefe do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, como vinha sinalizando.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, subiu 0,94%, para 99,844 pontos. Por volta das 17h (horário de Brasília), o dólar avançava para 143,40 ienes, enquanto o euro recuava para US$ 1,1327 e a libra esterlina era negociada em baixa, a US$ 1,3267.
A pressão de Trump para que o banco central dos EUA cortasse a taxa de juros vinha prejudicando o status de porto seguro dos ativos americanos, acentuando a liquidação de títulos e dólares desencadeada pelas tarifas anunciadas no início do mês.
"As políticas de Trump geraram um problema de credibilidade para o dólar", afirma em nota o estrategista de câmbio do Unicredit Research, Roberto Mialich. "Um declínio adicional da atual dominância da moeda americana - especialmente nas reservas cambiais e nos pagamentos internacionais - pode ser esperado nos próximos anos", diz.
É improvável que o dólar perca seu papel de moeda de referência global tão cedo, embora isso se deva principalmente à falta de alternativas viáveis, avalia Mialich. No entanto, as políticas de Trump podem reduzir, com o tempo, a dependência global do dólar, acrescenta.
O economista Ed Yardeni e sua equipe de pesquisa acreditam que é prematuro falar em perda de confiança nos EUA como porto seguro financeiro. Apesar da liquidação que levou a uma queda significativa do DXY neste início de ano, o dólar manteve uma tendência de alta nos últimos 15 anos, observam.
"Os mercados de capitais dos EUA continuam sendo os maiores e mais líquidos do mundo. Isso não vai mudar tão cedo", escreve a equipe de Yardeni.
Dados acima do esperado de vendas de imóveis ajudaram a dar suporte ao dólar, enquanto o PMI dos EUA indicou enfraquecimento da atividade. Em contrapartida, indicadores fracos da atividade econômica na Europa pesaram no euro e na libra.
*Com informações da Dow Jones Newswires